Para que você leitor possa enterder.

"Prosarei para tornar-te poético.."

quinta-feira, 14 de abril de 2011

São só meias palavras.

Quando escrevi esta carta minhas mãos estavam trêmulas, mas agora não mais.
Tenho andado caminhando por muitas avenidas, elas me sorriram  e me abraçaram, uma vez, e nunca mais. Agora estão esquivas e de longe me encaram como se não estivesse ali e eu me calo.
A cada manhã espero, impaciente, seu retorno e sinto vê-lo chegando calidamente.
Porque elas ainda estão trêmulas?
Ah! Essa pergunta se repete todos os dias quando abrindo os olhos, estes se elevam secos como as fossas oceânicas, ou quando meus braços buscam os contornos de um vulto que não deixou marcas.
Eu já perdi os meus valores e as cores da vida parecem as nebulosas em minha mesinha de cabeceira. Aquele livro já foi levado deixando apenas o verniz enegrecido.
Já tentei soletrar meu amor, mas nada de temperança recaiu sobre meu rosto. Agora eu corpo emaranhado, de palavras que não são minhas, delas me  faço, aço.
Acho que não existem mais lugares, talvez eles estejam guardados em gavetas fofas e fundas.
Preciso só de meias palavras. Tuas!
Só pra lembrar desse amor e nunca mais.

De quem ainda está aqui,

Due.

domingo, 10 de abril de 2011

Rememorando...

QUARTA-FEIRA, 24 DE NOVEMBRO DE 2010


Para Elmin,

(Dedicado a Eliana Mara, um exemplo de simplicidade e potência.)

Hoje resolvi escrever daqui de fora, está um entardecer gostoso, silencioso e fresco, posso ouvir o ruído do vento (sinto vontade de rir profundamente e só pra mim).
A muito tempo tenho pensado no que escrever para você, então me sentei aqui e com o caderno na mão vou rabiscando idéias, sentimentos, talvez as coisas mais fugazes. Estive num longo recolhimento, sinto-me como um vaso de cristal na beira da mesa.
Não sei como está, temo que tenha se rendido aos momentos mais solitários, aqueles em que se tranca no seu labirinto e ninguém mais pode alcançá-lo, você não gosta de ouvir vozes enquanto caminha.
Estou caminhando agora e o vento tem sido bondoso nos meus passos, acabam chegando até mim todos os tipos de suspiros do mundo e por um instante estou plenamente feliz.
Na verdade, acho que tudo isso se deve a esse entardecer.

Aqui,

Due.

Esperando em pingos...

Já havia partido quando olhei para trás
Já sentia o vazio pensando em ti
Já pisava uns dois calos e mordia os lábios, doe

Pensava e não queria...
Das marcas imemoráveis  latências
Que de novo pingam,
Pedem e pinçam.

Já havia olhado os teus olhos eternos
Já havia esquecido o doce saudade
Já tornava a voltar, por favor caridade!

Não me sorria assim cegamente, aqui estou!
Pra que ?
Pintada, apontada e prostrada... Eu.

Já havia esquecido o teu cheiro
Já havia mergulhado a neblina
Já pisava o esquecimento lá de cima.
Quando voltei.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Enquanto estou inquieta...

Elmin, não sei como te dizer como é se sentir saindo da pele.
Comecei esse dia ameno, de cores pardas e de ar parado, mas o calor e o sol fizeram a miragem se esvair e aqui estou enfim... nua em pêlo.
Estou caminhando, mas na verdade o que enfeita o meu corpo são as enormes asas que pendem das minhas costas... elas tem a cor do mais profundo azul
Há um cheiro de framboesas no ar, quando imagino-as a poucos passos de mim já posso sentir o seu sabor escorrendo de minha boca e caindo, formando uma trilha de doce sumo.
Nem mesmo sei porque dizer tudo isso a você.
Você conhece essas asas, conhece o sabor de planar por alguns instante como se fosse feito da mesma matéria das nuvens
Você conhece a minha voz, o meu murmúrio enquanto espero ser imersa totalmente
Posso imaginar seus sonhos, posso ouvir ecos de você em mim.
Agora, só posso imaginar o seu gemido, quando possuída por todo esse sabor, eu chegar até você e tirar...  parte de ti.
Te deixo minha boca e meus dentes e recebo tua força e teus ásperos calos.

Tua,

Due

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Uma noite contigo

Caminho pela orla...
Não há nada nem ninguém.
Vejo-te no mar com o constante bater das ondas aos seus joelhos nus.
Vai e vem, vai e vem (exciting).
Atravesso com meu olhar plano as camadas das água e posso ver cada uma das nossas pretensões juntos, que casam perfeitamente com o largo horizonte do nosso amor.
Você caminha até a areia, com passos sedutores, em minha direção.
Eu aguardo-te calmamente, apreciando cada movimento de seu sex appeal.
Ao encontrar de nossos corpos, deliro com o seu perfume suave e liberto meus poros.
Meus punhos agarram suas mechas;
Suas unhas deixam seu registro nas minhas costas;
E nós dois nos tornamos um.
É então que percebo a maré se transformar e todos os nossos projetos, planos, desejos se perderem ou tomarem outro rumo.
As ondas se agitam;
o céu se acinzenta;
a brisa se torna ventania;
você me olha e seu corpo irrompe em um relâmpago...

...aí eu desperto.

Como sempre, lá fora está chovendo torrencialmente.
E como em todas as noites em que isso acontece eu levanto, acendo um cigarro, busco nossas fotografias e mergulho em memórias. A diferença é que dessa vez resolvi compartilhar contigo, meu amor.
Oh Due, haveríamos de impedir a inconstância de nossa maré se estivéssimos juntos?
Enquanto não descubro, espero pela aurora.

Permaneço em ti,
Elmin